…Arritmias…
de Miguel Silvestre
O coração
é a porta para a nossa imortalidade. O ritmo do próprio tempo… É ele que marca o compasso da vida. É
ele que tempera o amor… É ele que dá sentido ao amor quando nos diz para
corrermos para os braços de quem amamos, ou obrigando-nos a caminhar mais
devagar…
A.D.
LUX
«(...) E das trevas se fez a luz
E da luz se fez a matéria
E do pó se fez o homem
E da mulher se fez a criança
E era assim…
No princípio dos tempos (...)»
Joseph
Joachim
in «versa»
A (P)oesia é
sentimento intenso. É desejo e ansiedade… É alegria e sofrimento… É esperança,
amor, paixão… É celebração da vida e carpir da morte, é criatividade… A ARTE
poética é sublime na sua essência. É uma expressão sublime da personalidade de
quem a escreve. Reflectindo nos versos aquilo que os próprios poetas são. Como
se o papel fosse um espelho onde o poeta se observa e depois coloca em imagem
escrita num outro papel mais verdadeiro, tudo aquilo que está a sentir. Todos
os medos e angústias, todas as alegrias e frustrações. Como catarse, como
elemento LIBERTADOR que aliviará as penas de quem escreve, por uma outra pena
que faz fluir o seu próprio sangue, em forma de tinta, marcando assim o papel
com o seu próprio espírito e alma sofredora.
Contudo ser poeta é muito ingrato. Nunca vi como hoje tanta
gente a escrever e tão poucos que dizem que gostam de poesia.
Quando pergunto aos jovens se gostam de poesia, franzem o
sobrolho, torcem o nariz e dizem: - Isso?... Nhaaaá… Não muito. Não é a minha
onda!
Outras pessoas há, que olham para os poetas como inúteis.
Como uns preguiçosos que nada fazem. Que não querem trabalhar. Uns seres
improdutivos que vivem às custas de quem se esforça e trabalha à séria.
«O homem não nasce para trabalhar, nasce para
criar, para ser o tal poeta à solta.»
Agostinho da Silva
Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.
É inútil dizer-me que as ações têm conseqüências.
É inútil eu saber que as ações usam conseqüências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.
Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.
Tinha agora vontade
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.
Não vem com a tarde oportunidade nenhuma. (…)»
Álvaro de Campos, in
"Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
http://www.citador.pt/poemas/e-inutil-tudo-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
Contudo a poesia não é inútil. É curativa…!!...
Mas atenção. A poesia é como um medicamento.
Tem de ser usada nas doses certas e correctamente aplicada de
acordo com a circunstância de cada um…!!...
Os projectos de LEITURA
envolvendo (P)oesia podem ser aplicados com muito sucesso em instituições que
trabalhem a doença mental, em populações seniores, envolvendo crianças e acima
de tudo como processo de auto-ajuda, promovendo o bem estar bio psíquico e
social do indivíduo.
As ARRITMIAS de Miguel
Silvestre são isso mesmo. Um projecto de auto-ajuda, que nasceu de uma
necessidade de desabafar. Encontra pois nestes poemas, aqueles que
eventualmente serão adequados à tua circunstância. À tua angustia. Lê doseando
a tua leitura e observando ao mesmo tempo os efeitos que os poemas têm em ti.
Se te sentires instável, se sentires o coração bater
demasiado depressa, para imediatamente de ler e consulta o teu médico de
família. Se a opinião dele não te satisfazer, lembra-te que é um dos direitos
do doente pedir a outro médico uma segunda opinião.
Mas antes de leres estes poemas e qualquer poema. Conhece os teus direitos enquanto leitor. Direitos esses que devem de estar presentes sempre na tua mente:
«Os Direitos Inalienáveis do Leitor
1
O Direito de Não Ler
2
O Direito de Saltar
Páginas
3
O Direito de Não Acabar
um Livro
4
O Direito de Reler
5
O Direito de Ler não
Importa o Quê
6
O Direito de Amar os
“Heróis” dos Romances
7
O Direito de Ler não
Importa Onde
8
O Direito de Saltar de
Livro em Livro
9
O Direito de Ler em Voz
Alta
10
O Direito de Não Falar
do Que se Leu
PENNAC, Daniel —Como um romance. Porto: Edições Asa,
1993»
Não leres poesia é um direito teu…!!...
Mas não sabes o que perdes…
Aqui estou como prometido.
ResponderEliminarBoa semana